• A questão da mulher e a Aids: novos olhares e novas tecnologias de prevenção Relato de Experiência

    Amaro, Sarita Teresinha Alves

    Resumo em Português:

    A aids cresce em cifras no Brasil e no mundo. No mundo todo, cerca de 42 milhões de pessoas são soropositivas. Desde o início da década de 80 até setembro de 2003, foram notificados 277.154 casos de aids no Brasil. Atrás desses índices está uma triste realidade: a epidemia cresce 9 vezes mais entre as mulheres. São, no geral, jovens ou mulheres casadas ou que têm relacionamento fixo, sem comportamento promíscuo e que contraíram o vírus dentro de "casa". Junto à descoberta da contaminação pelo vírus, vem a dolorosa verdade da traição do parceiro, a implacável confirmação da fragilidade da relação conjugal vivida, mas principalmente, a morte do mito do amor ideal, guardado numa aliança ou numa união estável. Cada vez mais, vidas femininas são ceifadas assim, com essa história de amor incondicional relativo ao parceiro e total ausência de amor próprio. Devoção de um lado e negligência de outro. Mais do que uma suposta questão filosófica, antropológica ou ontológica, creio que, diante dos números apresentados, o baixo auto-cuidado feminino trata-se de um problema de saúde pública. Mas o que temos feito em termos de prevenção a Aids diante do segmento feminino e suas demandas? Na oportunidade deste relato, teceremos considerações sobre como nós, profissionais de saúde, podemos contribuir na gestão e desenvolvimento de novos programas e tecnologias de prevenção que alcancem o universo feminino e efetivamente desviem-no do comportamento de risco.

    Resumo em Inglês:

    HIV grows in numbers in Brazil and around the world. In the whole world, about 42 millions people are HIV positive. Since the beginning of the 80's until September of 2003, there were 277.154 cases of HIV confirmed in Brazil. Behind those rates there is a sad reality: the epidemy grows at a rate 9 times higher among women. They are, in general, youngsters or married women or women with stable relationships, without promiscuous behavior and that acquired the virus inside their "home". Along with the discovery of the contamination caused by the virus, comes the painful truth of the betrayal of the partner, the implacable confirmation of the fragility of the conjugal relationship experienced, but mainly, the death of the ideal love myth, kept in an alliance or in a stable union. Each time more, feminine lives are reaped like this, with this story of unconditional love relative to the partner and total absence of self-esteem. Devotion, on one side and negligence, on another. More than a supposed philosophical, anthropological or ontological issue, I believe that in face of the numbers presented, the low feminine self-care is linked to a of public health problem. In this article, we will weave considerations about how we, health professionals can contribute to the management and development of new programs and prevention technologies that reach the feminine universe and effectively deviate it from the risk behavior.
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública. SP - Brazil
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